tudo bem

fiquei na dúvida se escrevia um texto desse às 23h de uma sexta-feira. 

mas então me lembrei que mãe não tem fim de semana e que as horas do relógio também apresentam outro tipo de significado para esse bicho estranho que nos tornamos.

eu ainda torço pra minha pequena dormir. depois de sete meses as crises iniciais já estão melhores, os choros da madrugada menos constantes, mas a torcida pelo sono segue presente. é quando ela dorme que eu encaixo um banho mais tranquilo, um episódio de friends, um capítulo de livro. são nesses instantes que eu pego as rédeas de mim e me dedico a ser quem eu sou, indo além da 'mãe da minha filha'. gosto disso e hoje não me importo em dizer. mas houve um tempo que tinha medo de expressar tais sentimentos. 

achava, muitas vezes, que eu era uma mãe pior por isso. torcer pra filha dormir e ter um tempo pra mim? que absurdo! que tipo de mãe se sente assim? foi com o passar da maternidade que eu entendi que eu não sou fora do padrão - e tudo bem se fosse! - mas que a diferença está em verbalizar isso. de alguma maneira nós preferimos esconder esse lado, postar foto dos mesversários, publicar stories com bebê rindo. nada mais normal, eu sei, mas a verdade é que isso sufoca. ninguém sabe o que acontece quando a câmera desliga. ou melhor: só nós sabemos.

ser mãe é uma maravilha durante a maior parte do tempo? tem dias que sim. outros não. bebê tem dor, não come, não dorme direito, sente calor, nao sabe falar e então chora... e a gente quer chorar junto, pois além de não conseguirmos acalmá-los nos culpamos pela paciência que vai pelo ralo. que tipo de mãe nós somos? eu mesma respondo: a melhor que podemos oferecer para os nossos pequenos. 

tá tudo bem cansar de se doar de vez em quando. tudo bem não achar a amamentação a coisa mais simples do mundo e rezar pra essa fase passar logo e poder tomar uma taça de vinho. tudo bem deixar a bebê dormir na nossa cama, porque a cama compartilhada te faz ganhar 10 minutos de sono no meio da madrugada. tá tudo bem ser a mãe que você é. eu juro que tá.