diga-me como utilizas o facebook e te direi quem és
As pessoas só reclamam.
Sinto que depois que entrei no facebook meus níveis de paciência aumentaram na mesma proporção que a irritação. Reclamam da dor de dente, do transporte público, do governo, da atendente do caixa, do trânsito, do frio e do calor. Fazem tudo isso no mesmo instante em que postam fotos com frases filosóficas dizendo o quanto "a gratidão é dignidade" ou o quanto "eu valorizo minha vida". Palhaçada! Já tive vontade de sentar e conversar com alguns, botar no colo e ensinar, mas a experiência que já tive realmente me disseram que seria de uma perca de tempo tremenda.
Tenho vontade de mandar o povo fazer terapia, porque me parecem um bando de carentes! E não, não estou desmerecendo os terapeutas não, muito pelo contrário, sinto falta da minha quinzenalmente. É porque realmente acredito que esse pessoal deveria entender a diferença entre identidade, intimidade e privacidade, e a terapia é um exercício semanal de autoconhecimento. Há coisas que a gente só diz pra si. Ou para um diário. Ou para um terapeuta. Ou para um blog.
Tenho a impressão que anteriormente as pessoas condenavam a fofoca e hoje a alimentam fervorosamente. É uma busca incessante para ser ouvido e notado e se eu pudesse fazer uma foto de como vejo cada uma dessas pessoas no momento em que as vejo falando sobre como estão 'se sentindo chateadas' seria um avatar com as duas mãos pra cima, balançando fervorosamente num desesperado ato de "OLHA EU AQUI!". Tá, eu já te vi. E vou te ignorar, justamente por isso. Das duas uma, ou esse pessoal ainda desconhece o whatsapp (e as mensagens de texto, as ligações telefônicas e por aí vai) e assim não compreendem que podem contar seus problemas só para os seus amigos, ou ainda vivem no fantástico mundo de oz do sonho e acreditam que quando pedimos para alguém ser nosso amigo no facebook eles instantaneamente se tornam um no mundo real - e de verdade.
Abrir minha página do facebook é perceber o quanto todo mundo vive insatisfeito, o quanto as pessoas não valorizam o bom da vida. Consigo perceber com clareza, até, o quanto a vida é mesmo uma questão de escolha. A menina reclama do cheiro do passageiro ao lado no ônibus porque prefere focar sua atenção nele e não na criança no banco da frente que está sorrindo banhada na fofurice tentando chamar sua atenção. O pessoal reclama da chuva que caiu assustadoramente porque não enxerga que finalmente estão abastecendo nossas reservas na Cantareira. Há quem fale mal do mau-humor dos outros quase que diariamente, vejam só! Não sei mais lidar.
Nunca soube, pra dizer a verdade. Até um ano e pouco atrás eu não sabia o que era ter facebook pois o excluí pelas mesmas razões de agora, mas de alguma forma os novos aplicativos e a facilidade de postagem a qualquer instante tornaram tudo ainda pior. Não estou dizendo que não devemos reclamar da vida, não estou podando a postagem alheia, eu juro! Acho que todo mundo tem o direito de desabafar de vez em quando em sua página inicial, de compartilhar sobre algum acontecimento perturbador, de expor sua opinião. Mas que elas sejam construtivas! Que elas despertem a discussão! Não consigo entender o que posso fazer a partir de postagens que dizem "#partiu" ou "se sentindo sonolenta" ou "a comida da minha mãe ficou horrível. o que comer?" ou ainda "com muitaaaaa dor". A pessoa espera o que? Que eu abra a porta do carro? Forneça travesseiros? Chame um delivery? Providencie um anador? Alguém inventar o botão do #reallydislikedit por favor?
Eu acho a invenção do compartilhar uma maravilha, de verdade. Pense na quantidade de coisas maravilhosas e o quanto um simples clique pode facilitar a sua vida. Mas veja bem, facilitar. Publique felicidade, compartilhe alegrias. Um mecanismo tão incrível não deve alcançar status tão ralo. Publique trechos de livros incríveis que você leu, me mostre fotos do pôr do sol maravilhoso que você assistiu, conte piadas, compartilhe histórias emocionantes, momentos bons, músicas que você acabou de descobrir e um filme ótimo que a crítica detestou. Promova polêmicas exprimindo sua opinião sobre assuntos batidos (somos mesmo todos macacos? por que? o que você acha da mulherada peluda promovendo o feminismo? a copa não tem que acontecer- esta eu já entendi - mas eu gosto mesmo assim, e aí?).
Ok, você pode dizer. Mas aí está você, mocinha, reclamando no seu blog. E eu te digo: é o que eu mais faço. Ou melhor, eu mais sofro do que reclamo. Choro, me mostro rasgada e despedaçada nessa página que chamo de minha e que é feita justamente para isso. Minha privacidade de alguma forma é expressa aqui e só entra quem gosta dos meus textos, ou quem os odeia para meter o pau e por assim vai. O que quer que seja, um blog é isso. Você só entra se quiser, se procurar, se gostar... e pode não voltar nunca mais. Estou louca pra dar o endereço do blogspot para centenas de 'amigos' facebooquianos, porque já entendi que papel e caneta não vai rolar. É uma esperança. Enquanto ela não funciona vou lançar a hashtag #publiquefelicades e #vápraterapia, ao mesmo tempo que me afasto daquele mundo virtual.
Nunca soube, pra dizer a verdade. Até um ano e pouco atrás eu não sabia o que era ter facebook pois o excluí pelas mesmas razões de agora, mas de alguma forma os novos aplicativos e a facilidade de postagem a qualquer instante tornaram tudo ainda pior. Não estou dizendo que não devemos reclamar da vida, não estou podando a postagem alheia, eu juro! Acho que todo mundo tem o direito de desabafar de vez em quando em sua página inicial, de compartilhar sobre algum acontecimento perturbador, de expor sua opinião. Mas que elas sejam construtivas! Que elas despertem a discussão! Não consigo entender o que posso fazer a partir de postagens que dizem "#partiu" ou "se sentindo sonolenta" ou "a comida da minha mãe ficou horrível. o que comer?" ou ainda "com muitaaaaa dor". A pessoa espera o que? Que eu abra a porta do carro? Forneça travesseiros? Chame um delivery? Providencie um anador? Alguém inventar o botão do #reallydislikedit por favor?
Eu acho a invenção do compartilhar uma maravilha, de verdade. Pense na quantidade de coisas maravilhosas e o quanto um simples clique pode facilitar a sua vida. Mas veja bem, facilitar. Publique felicidade, compartilhe alegrias. Um mecanismo tão incrível não deve alcançar status tão ralo. Publique trechos de livros incríveis que você leu, me mostre fotos do pôr do sol maravilhoso que você assistiu, conte piadas, compartilhe histórias emocionantes, momentos bons, músicas que você acabou de descobrir e um filme ótimo que a crítica detestou. Promova polêmicas exprimindo sua opinião sobre assuntos batidos (somos mesmo todos macacos? por que? o que você acha da mulherada peluda promovendo o feminismo? a copa não tem que acontecer- esta eu já entendi - mas eu gosto mesmo assim, e aí?).
Ok, você pode dizer. Mas aí está você, mocinha, reclamando no seu blog. E eu te digo: é o que eu mais faço. Ou melhor, eu mais sofro do que reclamo. Choro, me mostro rasgada e despedaçada nessa página que chamo de minha e que é feita justamente para isso. Minha privacidade de alguma forma é expressa aqui e só entra quem gosta dos meus textos, ou quem os odeia para meter o pau e por assim vai. O que quer que seja, um blog é isso. Você só entra se quiser, se procurar, se gostar... e pode não voltar nunca mais. Estou louca pra dar o endereço do blogspot para centenas de 'amigos' facebooquianos, porque já entendi que papel e caneta não vai rolar. É uma esperança. Enquanto ela não funciona vou lançar a hashtag #publiquefelicades e #vápraterapia, ao mesmo tempo que me afasto daquele mundo virtual.
Comentários
Você, como sempre, tem o dom de colocar em palavras (lindas, diga-se de passagem) o que se passa na minha cabeça...
Parabéns pelo texto e pelo desabafo.
#publiquefelicidades #vápraterapia !!!!!!!
Sempre achei que lugar de reclamar é o Twitter, hahaha! É o lugar onde apareço para falar comigo mesma, sabe? Se alguém comentar o que eu disse, beleza. Caso contrário, bom também, curto ter uma 'voz' e desabafar por lá.
O Facebook pra mim é pra compartilhar coisas bacanas, alegres, reflexivas ou gerar discussões, como você disse.
Ótimo post, amiga! Beijos!
Beijos!
O facebook virou cenário de protesto contra o governo (da mesma galera que viaja no dia da eleição só pra poder justificar...), reclamação, e selfies com legendas motivadoras, no fundo todo mundo só quer ganhar likes, compartilhamentos e ser um pseudo popular da rede. Um saco. Essa galera eu limito a nem acompanhar, fico com quem agrega um pouco de alegria, conhecimento, assuntos bons, conversas boas. Aprendi a "deixar de seguir" uma porrada de gente chata.
http://www.novaperspectiva.com/
É como você disse: paciência! rs
Morro de vontade de digitar isso pra várias pessoas, várias vezes ao longo do dia! Ê povo chato! Mas acho que nem precisa ser blog, sabe? Se eles tivessem um twitter já tava bom. Pq no twitter a gente só segue quem acha interessante, então beleza. E twitter é feito pra xingar, né.
Olha só, você usou letras maiúsculas!!!!!
Abraços :D