na fila, no banco
outro dia fui encerrar minha conta em um banco e fiquei esperando até ser chamada.
foram mais de trinta minutos ali quietinha, recostada. meu celular estava sem sinal no lugar, o que me fez questionar porque não tinha trazido um livro. não havia nada para fazer a não ser registrar o tamanho da lerdeza daquele sistema, uma vez que apenas duas pessoas estavam na minha frente, ambas sem serem chamadas tal como eu. e então eu comecei a fazer o que se faz quando não se tem nada a fazer: observar os outros.
à primeira vista o que me chamou a atenção foram os apitos constantes e perturbadores. era aquela maldita porta rotatória com detectores de metal. um moça tentou passar e apitou, teve que voltar e deixar o celular. "não há nada mais chato que essa porta", pensei em silêncio. a moça tentou de novo e lá soou o apito. uma leve bufadinha e lá estava ela novamente, colocando as chaves e voltando para a porta. percebi como seu humor já parecia diferente. o apito soou de novo. "ô moço, pelamordeDeus, já tirei tudo!". o segurança deu uma olhada em sua bolsa e a deixou passar. quanta chatice!
a cena se seguiu repetidamente com pessoas diferentes. teve o motoboy alegando que era o zíper do casaco que fazia apitar, o rapaz no celular que disse estar numa ligação importante, a própria funcionária da loja, alegando ser a fivela da bota. mas eu tive vontade de rir foi mesmo com uma senhorinha. na primeira vez ela tentou não tirar nada. "piiiiiiiiii". voltou e deixou o relógio. "piiiiiiiii". voltou brava, deixando a chave de casa e uma bolsinha de moeda. "piiiiiiiiiii". fiz leitura labial e li "oxe, negócio besta". ia arrumando os cabelos, pondo atrás das orelhas, na testa já escorria suor, as bochecas vermelhas. "piiiiiiiiiiiiii". "ai, ave maria, mas que diacho". por fim, tirou o guarda-chuva. não pude compreender porque ela não colocou o guarda-chuva antes. mas assim conseguiu passar. entrou falando sozinha, erguendo as mãozinhas e dizendo até que enfim em alto e bom som. fiquei sem graça quando a vi se sentando ao meu lado, pois assim percebeu que eu a estava observando.
se sentou ao meu lado, guardando as coisas de volta na bolsa. cansada, me disse "dá até pra entender porque é que o povo vira devedor. ter que aguentar uma agonia dessa todo mês, Virgem Santa. quanto nervoso! dá vontade de gritar pro segurança e dizer: eu só tô querendo pagar minhas contas". fiquei com medo de dizer a ela que estava na fila errada e que a do caixa era logo adiante. fui salva pelo telão que soou outro apito. número 023. lá fui eu, enfim fechar minha conta.
Comentários
Beijos amiga!
As pessoas, elas são incríveis. :)
Beijo! <3
Beijos, Flá!
Mas banco é um saco mesmo, eu já deixo a bolsa inteira ali e quero nem saber! Não sou obrigada a ficar indo e voltando! hahahaha
Ótima crônica! tô ansiosa pra ler as outras!
Abraços!
é ótimo ver as reações das pessoas em locais públicos.
Mas coitada da moça. Vou continuar rindo dela por um tempo.
Luuuv