quando um tornado encontra um vulcão
eu não sei o que é o amor mas ninguém sabe.
nem ele. muito menos ela. viviam em desarmonia, pedras, raiva, gritaria. todo mundo tinha medo dele, pena dela e vice e versa. apareciam de mãos dadas de manhã e era janela quebrada e choro soluçado pela noite. tentamos oferecer ajuda, mas quando aparecíamos, chamávamos a polícia, bombeiro ou ambulância lá estavam eles, os lábios traçados, a loucura de um amor desenfreado. era um amor tão doido que dava inveja, me fazia ter vontade de sentir aquela coisa maluca dentro de mim, como se eles soubessem o que era viver ao extremo. todo mundo dizia "aquilo é doença", mas acho que eram seduzidos tanto quanto eu internamente - todos olhavam, cumprimentavam, conversavam entre si sobre o casal da casa do meio. era como se eles não pudessem viver juntos mas não conseguissem viver separados, sempre na beira do poço, um afogando o outro para poder salvarem-se, o super-homem e a lois lane. há quem diga que a mentira era a base do relacionamento, e talvez até o fosse, mas me recuso à ideia de que ali não havia sentimento. ele dizia: você já amou tanto alguém a ponto de não conseguir respirar sem ela? ela me contava: tudo bem, no fundo eu gosto desse amor que dói. e eu não compreendia, porque nunca tive nada parecido, mas queria. ele tinha tatuagem dela nas costas, no braço e na perna, ela levava o nome dele tatuado como colar no colo e cicatrizes em todas as partes do corpo. tudo era muito rápido e eu a ouvi dizendo que ia embora antes da explosão, mas ouvi também a risada, senti uma batida forte na barreira e os gritos de "você não vai" e ela de alguma forma não foi, porque ele jurava melhorar, ele prometia que se consertaria e ela acreditava em suas mentiras. era sempre ela que cedia no final de cada dia e era eu quem sempre ouvia como música a frase derradeira da paz que ela proferia: eu amo o jeito que você mente. e então os sussuros, os gemidos e abraços. ela morta, ele preso e toda a polícia dizendo sobre como ele falsificava sentimento dizendo que a amava e eu discordo abertamente. amor só tem definição em dicionário e ele matou por amor. e se ela viva estivesse, estaria na primeira fila do julgamento, ou fazendo campanha, testemunha de defesa. "eu amo o jeito que dói. eu amo o jeito que você mente", ali, perante à todos, em juramento.
gente, essa foi a votação da semana do letra e som que ficou empatada. acabei optando por love the way you lie, a inspiração da semana. espero que curtam!
Comentários
Também deu vontade de sentir um pouco desse desespero no peito! HAHAHA
Beijos!!
O amor tem sempre essas esquisitices,uns casos conseguem ser mais estranhos. "um afogando o outro para poder salvarem-se" adorei.
beijo
Nossa, isso foi a coisa mais linda que já li.
É amor mesmo, é lindo, sem definições claras no dicionário, só no coração.
Bonito demais Flá.
"como se eles não pudessem viver juntos mas não conseguissem viver separados"
adorei...
Beijo.
Beijinhos
hiperbolismos.blogspot.com
amor louco esse!
É um sentimento desses incompreensíveis para todos aqueles que não sentem, é lindo e louco. É doentio; é sedutor.
O Eminem é Fo#@!
Idol