ouro de mina
abri uma caixinha de memórias sem querer.
nela tem um papel com letra de forma, uma fotografia, dois brincos e três anéis. minha mãe quis que eu colocasse num saquinho e doasse o que ainda presta e que jogasse o papel e a fotografia no lixo. mas eu não posso. pra qualquer um que os receber eles não passarão de bijuteria, mas ali naquela caixinha tão minha eles são pedaços do passado que enganaram o presente. no papel está escrito assim ó "só pra não perder o costume e pra você ter um ano bem doce - precisa dizer quem é?" e uma carinha sorrindo. não, não precisa. recebi numa festa de encerramento da escola e depois tive que fazer telefonema pra dizer que tinha recebido. meu coração cheio, feliz. coisa boa é lembrança que se guarda inteira. a fotografia foi tirada num dia frio e eu lembro de achar graça, porque parecia ter sido feita nos anos 60 mas estávamos sei lá, em 2009? e eu sempre quis viver nos anos 60. não há sorrisos na foto mas sei o quanto eu estava feliz. os dois brincos poderiam me rotular atualmente sem dúvida nenhuma como a pessoa mais brega da estratosfera mas na época eu usava junto com a minha melhor amiga, passava perfume ops do boticário e ia para o colégio feliz e leve feito uma pluma. me mostram o quanto uma amizade bem vivida permanece mesmo quando já foi esquecida. um dos anéis eu recebi de presente de recordação de alguém que com certeza não se lembra nem do meu nome, mas que me deu um dia tão generoso que merece permanecer aqui. o outro anel eu ganhei na oitava série e tem uns ideogramas japoneses do lado de fora que segundo me contaram significam: amor, respeito, eternidade. bonito, né? foi comprado em qualquer feirinha de praia, mas quem comprou me ligou gastando os poucos créditos que tinha só pra dizer que tinha comprado e me entregou cerca de mês depois. não é pra se sentir querida? o último anel nos laça até hoje amor, e tem o seu nome gravado com dez do sete de dois mil e quatro. ele rodava, você lembra? tá mais preto que qualquer outra bijuteria minha porque veio do tempo em que a gente não tinha grana pra bancar jantares na família mancini, muito menos prata ou brilhantinho. mas o amor tava ali, todo lindo.
agora alguém aqui me convence que toda essa caixinha não é jóia, mas bijuteria?
Comentários
São memórias lindas, e se ficou guardado até hoje não faz sentido se disfazer.
O melhor da vida é guardar em caixas aqueles objetos que lembram pessoas, cheiros, e lugares, nos faz lembrar do quanto fomos barangas (rsrsrs), mas felizes!
Abraços.
Gostei tanto!!!!
Beijos!!!
Pense sobre (:
Beijo, beijo!
http://goiabasays.blogspot.com
Bjos