de volta pra casa
eu acho que são aqueles corredores que me aguçam a memória.
aquele granito acizentado, as janelas e persianas, o movimento de vai e vem dos meninos e meninas que já não são os mesmos, mas que mesmo tão diferentes, são exatamente a mesma coisa. eu acho que são os bebedouros. todos eles como prêmio no final de cada corredor, reluzindo a prata, com seus fios quase sempre desligados por algum engraçadinho que não gosta de água fria. são eles que me lembram gargalhadas, as pulseiras, os olhares de paquera, a sede de levar a vida feito música - de preferência qualquer uma do acústico cássia eller, ou por quê não, o ao vivo sandy e júnior. sempre tive um pé lá outro cá. - talvez sejam as carteiras, de fundo azul clarinho e bordas pretas, que a gente descascava e passava branquinho (ali escrevi apigs, fef, feb, fea, fer e por aí vai, com um coração acompanhando). e as cadeiras! todas elas, as mesmas. agora ocupadas por crianças que não sabem recitar um trecho só de faroeste caboclo, que acham que cazuza se resume à aids e que cd é um trambolho, mas que permanecem se apaixonando pela primeira vez na quinta série (ainda que hoje ela se chame sexto ano), se maquiando e arrepiando os fios de cabelos para chamar a atenção do espertinho e da patricinha da turma. pra depois acabar no último banheiro. para ali dar o primeiro beijo, trocando olhares amedrontados de medo e desejo, o começo de todo e qualquer sentimento, o debute para adolescência, com uma privada bem ali no meio e mesmo assim achando este o cenário mais romântico do mundo.
talvez seja um pouco de tudo isso, os passos do corredor, a água do bebedor, o descascado das carteiras, o rangir das cadeiras, os azulejos e a luz fraca do último banheiro, todos eles juntos, a memória dando mão para os sorrisos e braços amigos do que virou realidade mas é realização, as palavras delicadas e os olhares agradecidos que agora me trazem para este outro lado da moeda, cheia de mim. sim é isso. é tudo isso. é olhar pra mim e enxergar que me vendo criança em cada um daqueles pequenos que vestem o mesmo uniforme que sempre vesti, eu amadureci. mais que isso. naquele pátio, naqueles mesmos degraus, tomando chá curandeiro eu me encontrei completamente. me achei. a melhor descoberta do mundo. estou em casa.
talvez seja um pouco de tudo isso, os passos do corredor, a água do bebedor, o descascado das carteiras, o rangir das cadeiras, os azulejos e a luz fraca do último banheiro, todos eles juntos, a memória dando mão para os sorrisos e braços amigos do que virou realidade mas é realização, as palavras delicadas e os olhares agradecidos que agora me trazem para este outro lado da moeda, cheia de mim. sim é isso. é tudo isso. é olhar pra mim e enxergar que me vendo criança em cada um daqueles pequenos que vestem o mesmo uniforme que sempre vesti, eu amadureci. mais que isso. naquele pátio, naqueles mesmos degraus, tomando chá curandeiro eu me encontrei completamente. me achei. a melhor descoberta do mundo. estou em casa.
Comentários
Beijinhos
www.hiperbolismos.blogspot.com
Lindo, lindo <3
Beijo :)
Estou sempre aqui...
muito obrigada, querida, de verdade.
Beijo! :*
Meus dias tempestuosos estavam dificultando um pouco as minhas visitas, me desculpe. Muito obrigada pelo elogio! Faço das suas palavras as minhas pois sinto exatamente o mesmo, a mesma identificação e admiração pelo seu talento. Gosto muito de vir aqui.
Um beijo!
Terminei o colégio ano passado e não sinto saudades, sinto nostalgia. Talvez porque saiba que começarei uma nova etapa - assim que essa greve terminar. hahah
bjs
Bom te ler, sabia?
Bjs