cookies e cream
ele apareceu com um
sorvete da häagen-dazs e uma colher na mão esquerda.
eu não sabia nem
pronunciar o nome da marca e ele disse que fazia questão de me ensinar a comer.
trouxe de cookies e cream, porque eu disse que gostava da versão da parmalt que
ficava no shopping. sempre me surpreendeu o quanto ele prestava atenção em mim
porque naquele tempo homem nenhum prestava atenção no que eu dizia. acho que
nem eu mesma.
ele tentou me enganar com um papo de passar em casa pra buscar uma blusa, que a temperatura estava caindo, mas quando estacionou o carro na garagem do apartamento me perguntou se eu não queria subir pra buscar com ele. perguntei em qual momento eu havia me mostrado tão rígida e careta a ponto de ele ter que inventar aquele papo furado todo. ele riu e eu disse que só subiria se ele prometesse que dividiríamos o sorvete com a mesma colher. tiramos fotos no elevador, que deixei armazenadas em um pen drive por menos tempo do que deveria. as vezes tenho vontade de nos ver naquele tempo mas não sobrou vestígio. tenho que buscar em mim. e então ele se sentou no sofá, colocou um filme e eu pedi pra ir pro quarto "adoro comer deitada, e tenho mais intimidade de deitar na sua cama do que no sofá dos seus pais". ele sempre se assustou com a minha sinceridade. nunca fui tão sincera com alguém como fui com ele. não sei porquê perdi o hábito. acho que era um lance só dele. tinha prancha de surf fazendo papel de prateleira no quarto dele e o que tínhamos era relacionamento sério disfarçado de amizade verdadeira. eu devia estar pensando nisso quando ele me perguntou em que mundo eu habitava, terminando a frase com um beijo de ponto final. "eu casaria com você, sabia? saía pro mundo, sem pensar em família, dinheiro, nada", eu disse enquanto ele me olhava assustado - acho que maravilhado - "você tá falando sério?". "nunca falei tão sério na vida." dei um beijo na ponta do nariz perfeito. "mas isso não vai acontecer e quando eu comer sorvete de cookies e cream no futuro vou lembrar de você, vou lembrar disso aqui. vou querer você de volta na minha vida." eu nunca o vi tão assustado quanto naquele dia. quatro anos depois estou cá eu comprando häagen-dazs na padaria.
ele tentou me enganar com um papo de passar em casa pra buscar uma blusa, que a temperatura estava caindo, mas quando estacionou o carro na garagem do apartamento me perguntou se eu não queria subir pra buscar com ele. perguntei em qual momento eu havia me mostrado tão rígida e careta a ponto de ele ter que inventar aquele papo furado todo. ele riu e eu disse que só subiria se ele prometesse que dividiríamos o sorvete com a mesma colher. tiramos fotos no elevador, que deixei armazenadas em um pen drive por menos tempo do que deveria. as vezes tenho vontade de nos ver naquele tempo mas não sobrou vestígio. tenho que buscar em mim. e então ele se sentou no sofá, colocou um filme e eu pedi pra ir pro quarto "adoro comer deitada, e tenho mais intimidade de deitar na sua cama do que no sofá dos seus pais". ele sempre se assustou com a minha sinceridade. nunca fui tão sincera com alguém como fui com ele. não sei porquê perdi o hábito. acho que era um lance só dele. tinha prancha de surf fazendo papel de prateleira no quarto dele e o que tínhamos era relacionamento sério disfarçado de amizade verdadeira. eu devia estar pensando nisso quando ele me perguntou em que mundo eu habitava, terminando a frase com um beijo de ponto final. "eu casaria com você, sabia? saía pro mundo, sem pensar em família, dinheiro, nada", eu disse enquanto ele me olhava assustado - acho que maravilhado - "você tá falando sério?". "nunca falei tão sério na vida." dei um beijo na ponta do nariz perfeito. "mas isso não vai acontecer e quando eu comer sorvete de cookies e cream no futuro vou lembrar de você, vou lembrar disso aqui. vou querer você de volta na minha vida." eu nunca o vi tão assustado quanto naquele dia. quatro anos depois estou cá eu comprando häagen-dazs na padaria.
Comentários
Olha, considerando que isso seja verdadeiro, nunca li história mais bonita que a de vocês
Emilie Escreve~ | Fanpage | @blogabs
Sorte!
A gente sempre não é mesmo? Sempre.
Isso acontece muito comigo.
Adorei esse texto. BJs