luxúria
era uma menina linda.
ela nunca foi uma criança espetacular, mas depois que cresceu, nossa! não tinha um que não olhasse, um que não comentasse, uma que não invejasse. amadureceu tão precocemente quanto seu corpo, à medida que atraía olhares, mais mulher se tornava, ainda que por dentro e no papel fosse apenas uma menina. e assim foi, arrasou corações e o seu mesmo foi quebrado algumas vezes, situações essas, em que os conselhos das (poucas) amigas (de verdade) valiam ouro. mas logo deixou que a beleza subisse à sua cabeça. era o que todos temiam. de repente, ela escolheu ter amizade com aquelas que tinham mais dinheiro, ao inves de optar pelas que a amavam de verdade. optou por deixar o menino que a amava pra ficar com um que pudesse lhe pagar os melhores jantares, nos melhores restaurantes, trajetos feitos nos melhores carros. e foi deixando aos poucos o veneno da beleza lhe domar a mente, fotos cada vez mais espetaculares, padrão de vida cada vez mais alto, áureos patamares. confundia felicidade com status, e estava no auge, fazendo já a segunda cirurgia, aumentando o número do sutiã e diminuindo um pouco o nariz. era uma verdadeira boneca, e com ela todos brincavam, a reviravam, o veneno subindo à cabeça. até que um dia ela se olhou no espelho e não se viu. apertou cada pedaço de si, revirou todos os armários em busca de fotos antigas para que assim pudesse se encontrar, as caixas lacradas, o veneno tomando conta de cada pedaço de si. já se arrastava pelo chão, semi nua, quando de novo se viu no espelho e mais uma vez não se viu. foi a última gota. ainda arranjou tempo para ver um frasco que mantinha no quarto, em cima da penteadeira. lia-se: luxúria.
Comentários
Beijo.
Flá, jura que você me achou com cara de mais velha é? Hahaha, sou gente grande, tenho quase 20 (glup!), to no fim do 2º ano da facul já, CÉUS!
O perigo da vaidade.
Abraço meu.