miragens
quando eu era pequena, olhava para frente com uma miragem ambulante. era sempre o mesmo cenário. um mar maravilhoso, de água transparente, com ondas calmas e sem tubarões, um chão com areia lisinha, a praia quase deserta e um tio sempre pronto pra dar de graça os melhores sorvetes. o céu era azul a ponto de se confundir com o mar, as nuvens brancas, lembrando algodão doce, e desenhando as figuras mais malucas só pra que eu pudesse adivinhar. além disso, tinha uma ilha lá no fundo, pra quando eu precisasse ficar sozinha, e um barquinho que sabia o caminho certo, pra chegar lá sem maremoto, ou ter que saber o endereço. a noite era calma, a vida tranquila. feliz e simples.
depois, na adolescência eu cheguei a ver tudo escuro. virava e mexia e a miragem era de noite sem estrela, noite fria, sem sol. o tempo sempre nublado, eu sempre desagalhada com o frio desgraçado e o incômodo constante de quando a gente entra no mar e tem todo aquele tipo de areia, no cabelo, no ouvido, dentro de cada unha. no peito, a vontade enorme de achar o caminho pra casa, pra tomar uma ducha, e poder me sentir limpa de novo. feliz. sol aparecia, e quando vinha, era na maior das intensidades, aquela coisa de rachar mesmo, calor de precisar de água de coco, de queimar o corpo todo, de ter que pedir pra mãe passar o pós sol. era oito ou oitenta. sempre.
e hoje? a paisagem muda constantemente e tenho descoberto as alegrias de fugir dos extremos, a graça no cinquenta e quarenta, ao invés da intensidade do oitenta. confesso que em grade parte do tempo eu vejo como quem tem areia nos olhos, tudo embaçado, e eu não sei se o mar que está revolto ou se sou eu que estou cheia de emoções duvidosas. é como se eu nunca soubesse. ainda não descobri, mas acho que é isso, a gente descobre com o tempo. e no final tem sempre essa luz, lá no topo do céu, faça chuva ou faça sol, me acompanhando e dizendo que vai ficar tudo bem. e sei que essa luz, não é miragem, é certeza. sei que é você. e então fica tudo bem.
depois, na adolescência eu cheguei a ver tudo escuro. virava e mexia e a miragem era de noite sem estrela, noite fria, sem sol. o tempo sempre nublado, eu sempre desagalhada com o frio desgraçado e o incômodo constante de quando a gente entra no mar e tem todo aquele tipo de areia, no cabelo, no ouvido, dentro de cada unha. no peito, a vontade enorme de achar o caminho pra casa, pra tomar uma ducha, e poder me sentir limpa de novo. feliz. sol aparecia, e quando vinha, era na maior das intensidades, aquela coisa de rachar mesmo, calor de precisar de água de coco, de queimar o corpo todo, de ter que pedir pra mãe passar o pós sol. era oito ou oitenta. sempre.
e hoje? a paisagem muda constantemente e tenho descoberto as alegrias de fugir dos extremos, a graça no cinquenta e quarenta, ao invés da intensidade do oitenta. confesso que em grade parte do tempo eu vejo como quem tem areia nos olhos, tudo embaçado, e eu não sei se o mar que está revolto ou se sou eu que estou cheia de emoções duvidosas. é como se eu nunca soubesse. ainda não descobri, mas acho que é isso, a gente descobre com o tempo. e no final tem sempre essa luz, lá no topo do céu, faça chuva ou faça sol, me acompanhando e dizendo que vai ficar tudo bem. e sei que essa luz, não é miragem, é certeza. sei que é você. e então fica tudo bem.
Comentários
Essa coisa de 8 ou 80 é sempre um perigo. Há que se saber equilibrar as coisas, a gente aprende que um 40/50 pode valer muito à pena né?
E nem me fale sobre distância geográfica.. Queria fretar um avião pra trazer todos os meus amigos que querem ver a peça e moram longe, o que inclui, claro, todo esse time amado de blogueiras!
Beijos linda!
dói.
e sempre vai doer.
amadurecimento?
quem sabe!?
bj!
Que bom te ver {por aqui tb!}, estou com saudades!
Você é muito talentosa, adorei seus textos e agora serei sua seguidora! hehehe...
Beijos! Lu
Adorei aqui e estarei sempre visitando! Estou seguindo! Me siga e visite: http://biacentrismo.blogspot.com
Beijos!
o amor ajuda muito!
beijoo