Quando o esporte não é justo

Raras foram as vezes em que eu achei que esporte não era justo. Me convenci ao longo dos anos de que o esporte era uma das únicas coisas no mundo que era justa, pois era o resultado do esforço, da dedicação e da garra daquele que o pratica. Quem mais o fizesse, quem mais se entregasse à ele sem duvidas seria, por justa causa, o grande vencedor.
Mas depois de assistir à toda a partida das meninas do futebol brasileiro, a imagem de justiça que eu construí durante todos esses anos foi por água à baixo, e formei outra em questão de minutos. Minutos finais da partida onde a frieza de americanas falou mais alto do que a paixão das brasileiras.
Vi raça durante todo o jogo, no vigor do começo do jogo, no cansaço desmedido do final. Vi dedicação durante toda a campanha das olimpíadas, com treinos e lances bonitos durante tão grande parte do tempo. E como vi garra, Meu Deus! Garra essa que eu não vejo à tanto tempo num time dentro de um campo. E nem vou comparar com a seleção masculina, porque essa já não conhece o sentido da palavra desde quando cifras de dinheiro ganharam mais valor que honra à pátria e à população, mas digo no geral, em todos os jogos do nosso campeonato brasileiro, em todos os jogos desse mundo a fora, até achei que garra tinha caído fora de moda, e que nunca mais ninguém a usaria. Bom, bom ver o Brasil trazendo de volta para o gramado esse lance, que é o mais bonito do esporte.
E quem viu Marta chorando, enquanto corria e buscava desesperadamente por um lance, se não a acompanhou na emoção desmedida, indo à lagrimas, se segurou para não o fazer. E mais uma vez, num curto espaço de tempo que se faz notado pelo amado e odiado amadurecimento, a vida veio e mostrou pra mim com alguns minutos de jogo do outro lado da Terra, que nada é justo nesse mundo. Nem o esporte.

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