Fotocópia de mim


Existem momentos em que quero parar a vida. São muitos, pelos mais diversos motivos, pelas mais diversas razões. Vez para permanecer com o mesmo sentimento, outros pra deixar mais longo o tempo, outros pra voltar pra algum momento. De vez em quando gosto de voltar o relógio dos dias, reviver as mesmas decepções e alegrias, ver o quanto cresci. Muitas vezes pego traços meus do passado ainda muito vivos no presente, como o romantismo exagerado, o coração sempre desesperado a ansiedade sempre latente.

Gosto de ver quantas Flávias existiram em 18 anos ou pelo menos desde quando eu me dei conta de mim. Lendo versos do diário sinto de novo sabores, relembro amores, pedaços e encontro espaços preenchidos por pessoas e sentimentos que constroem quem eu sou. Gosto dessa minha mania de registro, de mapear minha vida e descrever com detalhes cada aspecto meu. Aprimoro meu conhecimento sobre mim - sempre me surpreendo no fim...

Acho importante essa maneira de me xerocopiar e me estampar em pedaços de papel, colorida ou em preto e branco, é um instante de casulo, de silêncio para ouvir gritos e sussurros do meu interior. Gosto, gosto de escrever. Há vezes que faço por força do hábito, mas nunca por obrigação.

Gosto de parar meu relógio, quando em vez, bater papo comigo, me dar ouvidos, parar pra escutar o que eu tenho a dizer. Há vezes que acho lindo, outras que não consigo entender. Mas sempre, sempre tenho alguma coisa nova pra aprender. Me fotocopio mesmo, e ao pegar arquivos antigos são como fotos velhas onde sempre encontro algum defeito, mas me surpreendo com como era: eu tão novinha escrevi tudo isso? Vivi mesmo tudo isso? Senti mesmo tudo isso?

De tudo isso o que eu mais percebo é evolução. Minha, dos meus sentimentos, sejam eles pra melhor ou não. Ando em uma fase boa comigo. Amo meus registros. Ando gostando de mim...

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