pratos

quantos pratos você equilibra por dia?

não faz muito tempo comecei a me fazer essa pergunta, quando aos 28, me vi prestes a dar à luz. a vontade de conhecer o rostinho da minha pequena era quase tão grande quanto o medo de não reconhecer meu próprio rosto no espelho quando eu me tornasse mãe. como seria minha vida a partir dali? como eu encaixaria mais um papel naquele oceano de personagens que eu já me atribuía? comecei como filha, neta e sobrinha, mas então evoluí pra mulher, para profissional, para então ser esposa e (deus me livre!) dona de casa. como se não bastassem as cobranças da sociedade, lá tinha meu próprio 'eu interior' querendo ser excelente em tudo e me frustrando tantas vezes - afinal de contas aquela famosa que a gente segue no insta tem tudo isso e muito mais e ainda consegue sair bem nas fotos e comparecer com sorriso no rosto e corpo incrível em todas aquelas incontáveis festas!

e então eu me vi tendo que equilibrar mais um pratinho, o de mãe, e me desesperando ao constatar que eu não tinha mais nenhum braço pra isso. onde eu tinha ido me meter? não sei. mas descobri que a gente dá conta, os pratinhos aparecem do nada de vez em quando e a gente equilibra com os braços que tem e que surgem. sim, pois eles aparecem! a tal da força interior pode ser clichê, mas segue sendo real. é possível! ainda que de vez em quando os pratos caiam, ainda que de vez em sempre a gente se canse, ainda que muitos dias a gente só queria ter alguém equilibrando tudo aquilo por nós... a segurança muitas vezes nasce no desequilíbrio.

e eu, que compartilho meus desequilíbrios e sucessos desde os dezessete anos num blog quase mofado, decidi dividir aqui também com você, porque entre os pratos que eu carrego um dos que mais me orgulho é o de nunca cansar de escrever. ninguém conta pra gente, mas tudo bem largar todos esses pratos no canto às vezes pra ser quem somos enquanto ninguém nos vê. ou enquanto todo mundo nos lê.

Comentários

Dancer disse…
Tô precisando largar uns pratos também, só por uns minutinhos.
Ainda bem que você me lembrou que eu posso.

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