tsunamis

tem momentos na vida da gente que a vida parece um tsunami, não é mesmo?

vem quando a gente menos espera, aquela onda enorme, gigantesca, cheia de força, que vai devastando tudo, arrancando pedaços, destruindo com pressa tudo aquilo que foi erguido com tanto cuidado e zelo. quando a gente se dá conta, estamos procurando os destroços daquilo que foi nosso até chegar a conclusão de que tudo se perdeu e que aquilo tudo só vai existir de verdade (e de novo) em nossas memórias. é nessa hora, geralmente, que bate um desespero. como não olhar para aquela devassidão, para a ausência de tudo o que construímos sem sentir medo do novo? como ter a certeza da fé no futuro se tudo o que considerávamos seguro foi-se embora? é aí que no nosso peito se forma a imagem da destruição do que foi levado pela onda, e me vem na cabeça, como analogia instantânea, as fotos daquelas pessoas sem casa, desoladas, os cotovelos apoiados no joelho, as lágrimas corridas. é assim: quando nos damos conta de que a nossa vida mudou, a tal da onda já foi embora. levou. 
mas a verdade é que a gente consegue se reerguer. no improvável e no impossível, sobre os olhares atentos (e tantas vezes pedantes) daqueles que permaneceram alheios à tragédia que acometeu nossas vidas, e até mesmo contra nossas próprias expectativas, nos levantamos. a tarefa é árdua, fazer surgir do chão tijolo por tijolo uma nova morada. mas este processo tem suas vantagens, e uma das maiores delas é que ver a construção se erguendo assim tão de perto nos faz ter uma noção ainda maior sobre a sua importância. assim, passamos a nos sentir ainda mais autores de nossas vidas, ainda mais orgulhosos de nós mesmos, ainda mais fortes do que jamais imaginamos. superação é a palavra.  e quer mais? auto-superação. essa é das grandes. 

há um tempo atrás, pouco até, minha vida foi devastada por uma dessas tsunamis e o processo acontecido foi exatamente o aí em cima exposto: desnorteio, medo, desespero, paciência e superação. aprendi que nós somos os maiores autores de nossas vidas, e que se perdemos neste quesito é somente para a própria estrada que ela trilha. mas os caminhos, as saídas, os atalhos (e por que não retornos?), somos nós mesmos que tomamos. estou cheia de paz e calma com tudo isso.  

Comentários

Bruna Araújo disse…
Tsunamis também atravessam a gente para levar as coisas ruins que nos atormentam.
Lindo texto.
Tsunamis internas são difíceis de se lidar... Mas até que estou indo bem.. Já estou na paciência! rs

beijos, linda.
Camilla ♥ disse…
Mas existem essas tsunamis para nos mostrar que é sempre possível nos reconstruírmos se tivermos muita fé, foco e força.

Gostei do seu blog, super divo *-* Estou seguindo.

Bjonas e fique com Deus ♥

Camilla Martins - http://sugar-dance.org
Thay disse…
É como dizem, tem males que chegam em nossas vidas para mudar alguma coisa. Nos mostram novos caminhos, alternativas que não veríamos de outra maneira. O importante é encontrar paz de espírito pra poder seguir adiante. :*
Anna Vitória disse…
Concordo tanto contigo, Flá! Acho que a gente precisa de tsunamis vez ou outra. Tanto que, quando pensamos em quem nos tornamos depois dos tremeliques e das ondas destruidoras, percebemos que jamais seríamos quem somos não fossem pelas turbulências, né?
Aline disse…
Que delícia esse texto. Como você escreve bem! Primeira vez que estou por aqui, eu acho.

Você me deu uma injeção de ânimo com suas palavras. Estou numa fase sufocante, mas vai passar. E eu vou sair mais madura. Em breve quero ter essa calmaria sua.

Um beijo, Flá! :}
euretrato disse…
Estamos mesmo vivendo dias muito parecidos. Retomei o meu caminho dias atrás e ainda estou recolhendo alguns pedaços de mim que encontro aqui e acolá. Vou seguindo.

Vamos seguindo.
Um beijo
E a gente se aprende tanto depois que tudo passa né mesmo?
bjs
www.cronicasdeanjos.blogspot.com
Maria disse…
Não creio que seja bem assim. "You can't choose what stays and what fades away." Não que você tenha que ficar no seu canto esperando que tudo acabe. Você só precisa encontrar um equilíbrio. Desapegue-se. Procure o equilíbrio em si mesmo, não no que há fora. Porque um dia, isso vai embora de novo.
Larissa Bello disse…
As destruições internas são necessárias para que possamos compreender que, algumas vezes, nossas construções eram apenas ilusões.

Bjo
Anônimo disse…
É dessas ondas gigantes que a vida precisa pra se renovar, pra que a gente se levante da cadeira e construa o castelo mais uma vez. Todo mundo passa por isso, e às vezes é preciso, mesmo se seja (im)preciso.

Lindo texto.

Beijo!
Ale disse…
Lembrei da letra de Paula Fernandes: 'um turbilhão de sensações dentro de mim'

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