O tal do trote

Entrei na faculdade ano passado impulsionada pela empolgação e o medo. É uma mistura muito grande de satisfação e receio por estar entrando num mundo completamente novo, como se você estivesse simplesmente apertando a tecla "start" da sua vida e se enxergasse pela primeira vez traçando seu futuro. Mas antes de tudo isso, tinha o trote.
Foi um perrengue danado aqui em casa, todo ano somos assombrados por notícias na televisão que mostram os excessos. Bati o pé, queria passar por todas as etapas, fui.
Cheguei com cinquenta kilos de tinta no cabelo, algumas boas pitadas de cola, catchup, farinha e as pernas completamente doloridas de tanto andar. Gritei um bucado e minha voz sumiu durante alguns dias. Eu poderia fazer o teste do bafômetro ali mesmo e posso te afirmar com toda a certeza do mundo de que não ia constar um miligrama de álcool.
Acho estranho o ritual do trote, como alguém que já passou por isso, sinceramente acho bem idiota. Me deixei ser explorada pelos veteranos, pedindo dinheiro no farol para que eles enchessem a pança de cerveja e caíssem bêbados mais tarde. É bem bizarro. Eu não bebo, fui embora assim que chegamos no bar e eles "liberaram os bixos". O trote em si não há razão de ser, pode até ser que você conheça algumas pessoas - o que de fato acontece - mas a verdade é que no meio da baderna pouca coisa acontece. Você só pensa em ir embora.

Mas ainda acho que o limite quem impõe é você. Se você não quiser beber, simplesmente não abra a boca, pelo menos na minha faculdade não vi ninguém forçando ninguém à nada. E se não tá afim de escutar berros e andar o dia inteiro, simplesmente não vá. Talvez hoje, eu não iria.
As aulas começaram na minha faculdade semana passada e acho muito engraçado ver aquele bando de cabeça raspada denunciando os bixos. Acho legal pintar o corpo, comemorar, poxa, é um passo grande na sua vida que simplesmente não deve ser iniciado com humilhação.

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