Sinais de fogo

"Tem sempre um minha filha, que não dá."
"Como assim tia?
"Alguém filha. Um. Para quem não existe não"
"Não entendo...."
"Mas você vai entender perfeitamente. E ainda vai lembrar de mim. Existe um, para quem a gente não diz não."

Meus 12 anos ainda não me permitiam refletir e entender perfeitamente o que aquelas palavras, aparentemente aleatórias da minha tia queriam me dizer. Mas ontem, ah ontem...
Cafajestes andam pelo mundo com aquela velha facilidade de sempre. Vão e vem como cometas na nossa vida, e deixam marcas profundas e desejos íntimos de quero mais. E hoje eu entendo perfeitamente que são pra esses, particularmente um só, em determinada fase da vida - melhor pensar assim do que imaginar que o mesmo durará eternamente - para quem é muito difícil negar.
Ainda que todos os poros da sua rara consciência grite dizendo que NÃO! Ainda que você escute lá no fundo da sua alma o típico "você vai se arrepender", ou que você sinta o coração acelerado batendo desesperadamente, levantando as plaquinhas de alerta, você vai se contradizer.
Porque todo o resto de você te impusiona, te joga e faz com que você se entregue como em capítulos de novela, ou cenas de cinema, ào momento, àos beijos, àos toques, à sensação. Vai dizer que não te apareceu um nome, preciso, neste instante?
Os arrependimentos vem depois, bem depois, pela ilusão que aqueles encontros - geralmente não esperados - causam em nós. Lamentamos a nossa fraqueza, o "ele não merecia". O único sobrenome que um Cafajeste pode oferecer para nós é o tal do Arrependimento. Mas ele nunca é tão forte há ponto de barrar nossos impulsos e desejos, e se barra é porque o cafa simplesmente não está mais com a bola toda, e deixou de ser Classe A no nosso dicionário de "top desejo".

O importante é saber distingui-los : não sentimos amor por este cafa específico. É diferente da entrega de amor, não rola sentimento e sim química - e que química. E por isso não faz tão mal.
Ontem eu não disse não. E meus níveis de arrependimentos são quase zero.

Ps: Segue a música da Ana Carolina, que não tem tanto a ver com o post, mas que deu título à ele. Uma delícia!

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